Por Aldevan Junior, Bárbara Perrout e Raphael Giammattey
O terreno onde se encontra hoje a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, defronte ao estádio do Maracanã, já abrigou uma das cinco maiores favelas do Rio de Janeiro, de acordo com o Censo de 1950. Esta era a “Favela do Esqueleto”, extinguida do seu espaço para a construção da Universidade, que hoje se caracteriza pelos projetos de inclusão social, como o sistema de cotas. Será que é a população da comunidade reencontrando seu espaço?
A favela se estabeleceu em torno do “esqueleto” de um prédio onde seria construído o Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil, hoje mais conhecida como UFRJ. O hospital nunca saiu dos alicerces e os primeiros moradores chegaram entre a década de 30 e 50, formando uma das maiores favelas planas - bastante habituais na cidade até a década de 60 - da época.
A favela se estabeleceu em torno do “esqueleto” de um prédio onde seria construído o Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil, hoje mais conhecida como UFRJ. O hospital nunca saiu dos alicerces e os primeiros moradores chegaram entre a década de 30 e 50, formando uma das maiores favelas planas - bastante habituais na cidade até a década de 60 - da época.
Apesar de vertical, a favela apresentava os mesmos problemas dos morros, como falta infra-estrutura e de segurança. Mas a população do Esqueleto gostava de viver ali: “Naquela época, o tráfico ainda estava no começo, tinha o malandro, o jogo de roda, mas ninguém na favela conhecia a cocaína. O clima era muito tranqüilo”, afirmou o ex-morador do Esqueleto Dilmo Emídio Ferreira ao site “Favela tem memória”, especializado no assunto.
Mas o progresso pôs fim ao espaço: a cidade ganharia uma universidade e o lugar escolhido para a construção foi o terreno defronte ao estádio do Maracanã, o da Favela do Esqueleto. “Minha família foi toda para a Vila Kennedy. Mas eu preferiu ficar na Mangueira por causa do samba. Muitas pessoas eu nunca mais encontrei”, afirmou Dilmo. A mesma política também envolveu a remoção de outras grandes favelas da cidade até então, como a da Praia do Pinto - também vertical, situava-se onde hoje é a “Selva de Pedra”, no Leblon - e a da Catacumba, hoje o parque ecológico no entorno da Lagoa Rodrigo de Freitas.
E realmente o progresso se deu. Em 1950, foi fundada a Universidade Estadual do Rio de Janeiro, com o nome de Universidade do Distrito Federal (UDF), e que seria rebatizada, em 1958, como Universidade do Estado da Guanabara. Com isso, o espaço ganhou a via de integração do centro com a zona norte, a Radial Oeste e ajudou no desenvolvimento de Vila Isabel, trazendo comércio, bancos e melhorias para o transporte público.
Os anos se passaram e 52 anos depois do fim da Favela do Esqueleto, Anthony Garotinho, então Governador do Estado, fez da Uerj a primeira instituição de ensino superior brasileira a adotar o sistema de cotas. Com a medida, a Uerj passou a reservar 50% das vagas do seu vestibular para alunos egressos de escolas públicas do estado. Era o ápice da democratização do ensino no país.
Já em 2004, depois de muita discussão, a Uerj pôs as vagas de seu vestibular distribuídas da seguinte forma: 20% para alunos de escolas públicas, 20% para negros, 5% para deficiente físicos e minorias étnicas (em 2007, o Governador Sergio Cabral resolveu incluir neste percentual os filhos de bombeiros, policiais e agentes penitenciários mortos em serviço).
Com isso, o público da universidade gratuita mudou de figura. Se o padrão das instituições públicas sempre foi de pessoas oriundas das elites sociais, agora outros setores que não tinham acesso ao ensino superior já participam da vida acadêmica. Na faculdade que se estabeleceu no terreno de uma grande favela que o poder público extinguiu.
Os anos se passaram e 52 anos depois do fim da Favela do Esqueleto, Anthony Garotinho, então Governador do Estado, fez da Uerj a primeira instituição de ensino superior brasileira a adotar o sistema de cotas. Com a medida, a Uerj passou a reservar 50% das vagas do seu vestibular para alunos egressos de escolas públicas do estado. Era o ápice da democratização do ensino no país.
Já em 2004, depois de muita discussão, a Uerj pôs as vagas de seu vestibular distribuídas da seguinte forma: 20% para alunos de escolas públicas, 20% para negros, 5% para deficiente físicos e minorias étnicas (em 2007, o Governador Sergio Cabral resolveu incluir neste percentual os filhos de bombeiros, policiais e agentes penitenciários mortos em serviço).
Com isso, o público da universidade gratuita mudou de figura. Se o padrão das instituições públicas sempre foi de pessoas oriundas das elites sociais, agora outros setores que não tinham acesso ao ensino superior já participam da vida acadêmica. Na faculdade que se estabeleceu no terreno de uma grande favela que o poder público extinguiu.
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