quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Insegurança nos entornos da UERJ
Nos pontos de ônibus, na mesma calçada, também há muita reclamação de assalto. Boa parte ocorre em plena luz do dia, bem em frente à movimentada Rua São Francisco Xavier. Atrás da universidade, fica a rampa de acesso ao metrô, na realidade se tornou mais um ponto de assalto. “Principalmente nessa rampa, mas também lá do outro lado. O pessoal que sai à noite reclama muito. Não tem policiamento nenhum. Já presenciei roubo de carro, polícia perseguindo bandido, tiroteio. A situação aqui é muito complicada”, comentou o estudante de Direito Bruno Bodart.
Quem passa pela rampa tenta se sentir seguro com a presença de uma cabine da polícia Militar. Ela foi instalada em outubro do ano passado. Mas, segundo os estudantes e pedestres, os assaltantes não se intimidam com o policiamento. Segundo a Polícia Militar o policiamento na área foi reforçado desde o último fim de semana e atualmente, além da cabine, uma dupla de policiais circula a pé pela região e também equipes de carro. A cabine da polícia naquele local foi inaugurada, refletindo a necessidade de policiamento da região. Infelizmente o policiamento tem se mostrado ineficaz no combate a criminalidade.
Lei Seca
O rigor da Lei Seca provocou a mudança do comportamento de muita gente que dirige. No entanto, de acordo com os responsáveis pela fiscalização, com o passar dos meses, outra grande parcela de motoristas deixou de ter cautela na hora de pegar o carro. Desta vez o trabalho de conscientização tem a participação de voluntários, pessoas que já sofreram as consequências da violência no trânsito. Como Eduardo, estudante de Informática, de 30 anos.
“Eu conheci muitos acidentados e há muita gente que se acidentou, porque tinha bebido e estava de moto, de carro. Nada melhor do que eu mostrar para a pessoa o que aconteceu e poder falar do que eu sei para ela”, explica.
Além dos pontos de bloqueio, os voluntários também tentam chamar a atenção de motoristas e caroneiros em bares e restaurantes. A idéia é que a campanha seja permanente e percorra outros municípios do Grande Rio. Quem recebe a orientação concorda que é preciso redobrar os cuidados.
“Eu acho uma coisa muito positiva, porque eu fui uma das pessoas que quase virei cadeirante em função de um acidente de carro. Eu estava alcoolizado. E eu acho que a gente tem que começar pela base, pela educação, não é repressão”, acredita o empresário Pedro Oliveira. A ideia da Operação Lei Seca é que ela aconteça entre todas as quintas e domingos, à noite.
Rio de Janeiro é eleito o melhor destino gay do mundo
Por Juliana Gonçalves e Pamella Lima
O Rio de Janeiro está na moda, a “cidade maravilhosa” se tornou a sede dos Jogos militares de 2011, será palco de Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Otimismo exuberante é pouco. Em setembro, através de pesquisa na Internet feita pela revista Forbes, a capital fluminense foi eleita a cidade mais feliz do mundo e na World Travel Market (feira que organiza premiação na indústria do turismo) o melhor destino da América do Sul. Completando a lista, a cidade também recebeu o status de ‘melhor destino gay do mundo’, apurado pelo site TripOutTravel e o canal americano Logo, da MTV, veículos destinados ao segmento LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros .
O jornalista Eduardo Peret, representante da Associação Brasileira de Gays, esclarece que a votação que tornou o rio conhecido mundialmente como capital gay foi feita por turistas estrangeiros e acredita que a fama do brasileiro “bom de cama” tenha influenciado nesta enquête. “Eu, pessoalmente, não acredito que aqui seja o melhor destino gay do mundo. Mas, essa eleição pode ser usada de uma maneira positiva. Podemos levar essa informação à Secretaria Estadual de Turismo e dizer: - os gays do mundo todo votaram no Rio de janeiro, então vamos melhorar a segurança, vamos capacitar a polícia, o serviço de saúde e quem atende o turista para que todos atuem sem preconceito. Moro no Rio de Janeiro e vejo os nossos problemas. Já visitei outros lugares no Brasil e no exterior, onde prestam serviços para a população LGBT sem discriminação”, afirmou.
Eduardo explica que o perfil do turista gay é diferenciado: “a maioria dos turistas gays não tem filhos e não vive em casal, o que os leva a gastar de maneira diferente de uma família heterossexual. Agora temos alguns gay-friendly (hotéis voltados para o público LGBT), pois agora está existindo a preocupação com esse público”. Para ele, um bom fator é a existência de grandes pontos de sociabilidade, principalmente homossexual masculina: “A gente pode destacar, por exemplo, a rua Farme de Amoedo, em Ipanema que tradicionalmente é um point gay e lá mesmo você tem problemas. Existem alguns moradores que são homofóbicos e que fazem campanhas contra os frequentadores”. Eduardo diz ainda que o Brasil não tem uma estrutura de serviços fundamentada e focada na questão da diversidade.
Opinião partilhada com o aluno de artes da Uerj, Aílton Berberick, membro do Coletivo Ciranda, um grupo LGBT que funciona dentro da Universidade. “Acho difícil a cidade ostentar esse titulo por muito tempo. A menos que sejam traçadas políticas públicas para assegurar a livre manifestação do afeto e garantia da integridade dos turistas”, afirmou o estudante. Para ele existe uma carga de preconceito muito grande e velada na sociedade carioca.
Aílton diz que dentro da Universidade as coisas são mais difíceis, pois, segundo ele, “no campo educacional as relações de poder e masculinidades ditam as cartas do jogo então é preciso saber administrar essas tensões”. Explicou que um coletivo gay dentro da Uerj, funciona para ampliar os debates sobre a sexualidade em geral e contou um pouco do histórico do grupo: “O coletivo Ciranda nasceu em 2008. A maioria dos alunos faz ciências sociais, mas eu, por exemplo sou do curso de artes. Durante esse tempo de existência houve algumas mudanças junto a reitoria”.
Eduardo Peret (que também é funcionário da Faculdade de Comunicação Social da Uerj) comentou sobre as mudanças ocorridas na universidade em relação aos alunos homossexuais: “Em 2008, o Reitor Ricardo Vieiralves durante a Conferencia Estadual de Políticas Públicas para LGBT, que aconteceu na Uerj, assinou uma carta de intenções, mas algumas precisaram passar pelo conselho universitário. Entre as medidas temos a permissão que cônjuges tenham acesso a quarto particular nas internações do Hospital Universitário Pedro Ernesto, que as travestis estudantes da universidade possam utilizar nomes femininos na lista de chamada e também possam utilizar o banheiro feminino”. Mas lamentou que muitas dessas pessoas não consigam chegar ao nível superior por falta de oportunidade e disse ter conhecido apenas duas na Uerj.
Trote: bullying ou integração?
Trote, a grande polêmica da vida universitária
Por Caroline Morais, Fernanda Monteiro e Thalita Hora
Enquanto americanos e europeus problematizavam a prática do bullying, no Brasil o que sempre era conhecido como zombaria no ambiente escolar – conhecida já nos tempos de nossos tataravós – não preocupava ninguém. Nos últimos anos, no entanto, tudo mudou. Psicólogos brasileiros importaram o conceito europeu e, então a brincadeira contra o gordinho deixou de ter graça e tornou-se um problema.
(Trote da Faculdade de Comunicação Social da UERJ – 1º semestre de 2009)
Milhares na festa, poucos na militância!
Apesar de reunir milhares de pessoas na orla de Copacabana, o movimento LGBT ainda encontra dificuldades para estabelecer sua representatividade.
Por Aisy Thuswohl, Rachel Taranto, Rafael Nascimento
(foto: rafael Nascimento)
(foto: Rachel Taranto)
O aparente ambien
Discussões de origem ecumênica não eram as únicas em foco no evento. Movimentos de representatividade política se mostraram presentes, inclusive o Movimento Estudantil. Alunos distribuíam e divulgavam a posição de apoio da ANEL (Assembléia Nacional de Estudantes Livres), que visa abraçar, entre outras causas, a discussão da temática homossexual dentro das universidades. Uma das estudantes militantes, Larissa S., estudante de Ciências Sociais da UERJ, falou da sua participação na ANEL: “ A anel é uma coordenação de várias entidades, nacionais e estaduais. As reuniões são abertas eu participo”. Falou também da importância de se pautar o movimento homossexual e de outras minorias sob uma ótica do movimento estudantil. “A ANEL é muito nova, tem menos de um ano. Em plenários decidiram ir às paradas (gays), fizemos um ato de repúdio à tentativa da prefeitura de Caxias de proibir a parada. Em todos os encontros teve pelo menos uma plenária de opressões e é a mais procurada”.
ersidade “é uma das principais causas na UERJ (homossexualismo), também pela existência de cotas, é o tema das opressões, e a oposição quer justamente levantar a discussão”. Disse Larissa, pertencente a chapa que não foi vitoriosa. Como exemplo, ele ressalta a falta de repercussão entre os alunos da medida de 2008 que permitiria que travestis e transexuais utilizassem os banheiros femininos. Grande parte dos alunos não tomou conhecimento do fato. E acrescenta, “não temos, praticamente, alunos travestis; (...) tem uma categoria de homossexual que não chega aqui [na universidade]”. Outra medida que facilita a adaptação desses alunos e que é aplicada na UERJ é a que exige que estes sejam incluídos nas listas de chamada por seus nomes “sociais”, correspondentes ao sexo com o qual eles se identificam. Não foram encontradas estatísticas quanto a presença desse grupo em universidades brasileiras.
Apesar de mobilizar milhares de pessoas em eventos como a Parada do Orgulho LGBT, a causa homossexual ainda encontra barreiras e preconceitos em instituições como as Universidades. O cada vez maior trabalho de conscientização das organizações em prol do movimento LGBT, como o Grupo Arco Íris, parece não encontrar meios eficazes de inserção nestes ambientes. A mobilização estudantil, em geral, também não tem grande expressão dentro do meio acadêmico, o que caracteriza um certo paradoxo, visto que este é o ambiente mais propício para discussões deste gênero, como observou o vice-diretor da Faculdade de Comunicação da UERJ, Ricardo Freitas.
Sanduíche brasileiro
Por Linda Rose de Araújo ,Tayná Tavares Conrado, Bruna Vaz
Uma opção para fazer doutorado fora do país
Fazer intercâmbio não precisa ficar restrito aos adolescentes ou alunos da graduação. O doutorado sanduíche é uma forma de intercâmbio mais direcionada para um publico mais preparado. Trata-se de um doutorado em colaboração com alguma instituição de pesquisa do exterior. Normalmente, o doutorando passa uma fase inicial de seu doutorado no Brasil, uma segunda fase no exterior (1 ano), e retorna ao Brasil para a última fase, quando ao final ocorre a defesa.
Agências como CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) têm modalidade prevista de doutorado sanduíche. Essas instituições oferecem bolsas que dependendo do tipo de pesquisa desenvolvida pode chegar à integralidade.
Marcio Gonçalves professor da Faculdade de Comunicação Social passou um ano em Paris através desse programa. Ele defende esse tipo de estudo principalmente pelo aperfeiçoamento do trabalho e pela possibilidade do contato com outros grupos de pesquisa no mundo. “Estudei na Universidade Paris 5, uma das quais a UERJ possui convênio, e tive a oportunidade de desenvolver melhor minha tese”, afirma Marci o.
Sanduíche brasileiro
O doutorado sanduíche não é apenas para o intercâmbio no exterior, pelo menos não para o CNPq. Doutorandos que pretendem desenvolver sua tese com outros grupos de pesquisa nacionais podem recorrer ao CNPq que oferece dois tipos de bolsas sanduíche, o Doutorado-Sanduiche no País (SWP) e o Doutorado-Sanduiche Empresarial (SWI). O SWP tem a finalidade de ajudar o aluno de doutorado no desenvolvimento de seu trabalho desde que tenha ligação com outro grupo ou instituição de pesquisa no país. A ajuda pode ir de seis meses a dois anos e o estudante também pode receber ajuda no deslocamento quando a distancio for superior a
Luciana Araujo, mestranda de Geografia, pretende usar esse programa para seguir com seu programa de pesquisa quando chegar ao doutorado. “Minha pesquisa esta relacionada com o trabalho do brasileiro e pretendo me aprimorar meus estudos no Nordeste”, explica. Já o SWI tem o objetivo de apoiar o doutorando brasileiro que pretende complementar a sua formação com de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação em alguma empresa do País. Essa modalidade de ajuda pode durar mais tempo, até três anos, no mais, apresenta as mesmas características que o SWP.
Favela do Esqueleto e política de cotas na Uerj: alguma coisa em comum?
Por Aldevan Junior, Bárbara Perrout e Raphael Giammattey
A favela se estabeleceu em torno do “esqueleto” de um prédio onde seria construído o Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil, hoje mais conhecida como UFRJ. O hospital nunca saiu dos alicerces e os primeiros moradores chegaram entre a década de 30 e 50, formando uma das maiores favelas planas - bastante habituais na cidade até a década de 60 - da época.
Os anos se passaram e 52 anos depois do fim da Favela do Esqueleto, Anthony Garotinho, então Governador do Estado, fez da Uerj a primeira instituição de ensino superior brasileira a adotar o sistema de cotas. Com a medida, a Uerj passou a reservar 50% das vagas do seu vestibular para alunos egressos de escolas públicas do estado. Era o ápice da democratização do ensino no país.
Já em 2004, depois de muita discussão, a Uerj pôs as vagas de seu vestibular distribuídas da seguinte forma: 20% para alunos de escolas públicas, 20% para negros, 5% para deficiente físicos e minorias étnicas (em 2007, o Governador Sergio Cabral resolveu incluir neste percentual os filhos de bombeiros, policiais e agentes penitenciários mortos em serviço).
Com isso, o público da universidade gratuita mudou de figura. Se o padrão das instituições públicas sempre foi de pessoas oriundas das elites sociais, agora outros setores que não tinham acesso ao ensino superior já participam da vida acadêmica. Na faculdade que se estabeleceu no terreno de uma grande favela que o poder público extinguiu.
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
domingo, 24 de janeiro de 2010
Disciplina: introdução ao Bar
Alunos da Uerj, Puc-Rio e Ufrj opinam sobre seu happy hour favorito
Por George Guilherme, Lais Rangel e Andala Iara
O público gira em torno dos 20 anos. São jovens universitários que entre aulas e provas, aproveitam o tempo livre para se reunirem em um lugar que ofereça uma boa diversão, mas sem pesar no bolso. Sem dúvidas, a eleição unânime é para o botequim. A universidade muda, mas o roteiro continua sendo o mesmo: depois de um intenso dia de ócio na faculdade, um grupo de amigos se junta e vai conversar sobre qualquer assunto no bar mais próximo.
De tão frequentados pelos estudantes, existem aqueles bares que recebem uma alcunha quase de “oficial”. É o caso do Bar Loreninha, localizado bem em frente à Universidade do Estado do Rio de Janeiro – Uerj, na Tijuca. Ele é recuado do asfalto, mas nem por isso é escondido, principalmente em dias de jogos no estádio do Maracanã. Citado no livro do jornalista Zuenir Ventura, o bar é ponto de encontro dos alunos não apenas pelo preço, mas pelo excelente humor do garçom Cicinho. Ivan, dono do estabelecimento, diz que uma vez ele contou para uma cliente que um dos garçons tinha morrido. Dias depois essa cliente encontrou o garçom na rua, acreditou que tivesse vendo seu fantasma e foi se esconder dentro de uma loja com medo. “A menina veio direto para cá xingando e rindo com o Cicinho”, completa.
Curiosamente, quinta-feira é o dia mais cheio do Loreninha, segundo Ivan. De acordo com ele, “muitos alunos não moram na cidade e viajam de volta para casa na sexta-feira”. Hipótese correta ou não, encontramos alunos de quase todos os cursos da Uerj lá. O garçom Cicinho brinca: “aqui é o único lugar do Brasil onde você vê comunista conversando numa boa com reacionário”.
A mesma estrutura pode ser transplantada para Bar do Pires ou somente “Pires”, na Gávea. Seu público é essencialmente de alunos, ex-alunos e professores da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC-Rio . Burocraticamente, o lugar se chama “Bar Rainha do Mar”. Pires era o nome do antigo dono do bar, um típico português de bigode nietzschiano. Apesar de todos considerarem um autêntico botequim, o “Pires” lembra mais um Café. Carolina Backer, mestranda em Relações Internacionais da PUC-Rio, contesta a visão clássica de botequins. “Foi o tempo que para ser considerado bar era preciso ter aqueles ovos coloridos boiando em um pote. Gosto daqui porque é atrativa a ideia de você tomar uma cerveja em um lugar limpo”, afirma.
Na UFRJ, o famoso Bar Sujinho é considerado por muitos o melhor “anexo” da Universidade. A aluna Tainá Hernandes, de 20 anos, conta em uma entrevista fatos inusitados sobre a relação faculdade x bar.
O Bar Sujinho é bastante freqüentado. El e já foi, inclusive, utilizado diversas vezes para a realização de evento .A que você acha que se deve esse sucesso?
Tainá Hernandes: Com certeza ao fato de que universitário adora bar! Quando você está na escola, pensa na faculdade como um lugar emocionante, com muitas festas, bebidas, gente que só quer se divertir. É uma imagem que fica na nossa cabeça por causa dos filmes e seriados, que quase sempre mostram esse estereótipo. Quando você entra, percebe que não é bem assim o tempo inteiro, que é uma rotina estressante, principalmente pra quem mora muito longe, ou trabalha e estuda, então o jeito é extravasar no bar mesmo, pra não se frustrar tanto.
Sendo a rotina tão estressante, e com o volume elevado de trabalhos, provas e aulas que vocês têm, como sobra tempo para o bar?
TH: Aí entra o famoso jeitinho brasileiro, claro! Aliás, se tem algo em que estudantes são bons, é em jogo de cintura. Você até tem que atingir certa freqüência, fazer os trabalhos, mas sempre se dá um jeito.
LR: Como, por exemplo?
TH: Primeiro a gente vai às aulas para conhecer o professor, saber se ele faz chamada, em que horário, se passa lista, essas coisas... ou então pede pra algum veterano explicar. Funciona assim: se o professor faz chamada no fim da aula, você pode ir pro bar e chegar no fim; se faz no início, você pode sentar lá no fundo, responder e sair; se passa a lista, pede pra alguém mudar a letra, trocar a caneta e assinar por você. Aqueles que não passam lista e fazem chamada no meio da aula é que dão mais trabalho. Mas é claro que isso é uma coisa que se faz só às vezes, não dá pra faltar um período inteiro, você pode ter as técnicas, mas também precisa de cuidado pra não abusar.
LR: O público maior é formado por calouros ou veteranos?
TH: Calouro gosta de farra. Acabou de chegar na faculdade, ainda tem aquela visão de que tudo vai ser uma festa, está numa fase de querer conhecer as pessoas, querer ser parte do grupo, então sempre marcam presença por lá. Já os veteranos, vão porque aquilo ali é uma válvula de escape. Você não está mais tão empolgado com a faculdade, ou foi mal em alguma matéria – já que elas ficam mais difíceis com o tempo – ou está estressado com algum professor, então vai pro bar e relaxa. Mas a época que dá mais movimento é em começo de período. Você junta os dois grupos no mesmo lugar... Tem a questão do trote, e outros eventos de recepção de calouros que os veteranos fazem, então sempre sobra uma grana para beber. E todo mundo acaba ficando mais empolgado com uma turma nova, cheia de energia – calouros são barulhentos, risonhos, meio infantis ainda – acho que o movimento só cai um pouco entre os alunos a partir do quinto período. A maioria já começa a procurar estágio, trabalho, às vezes moram sozinhos, pagam as contas, então ficam mais cansados, ou não podem beber em dias de semana. Pelo menos ainda tenho um período pra aproveitar!
LR: Você tem alguma história marcante que envolva o Sujinho?
TH: Acontecem muitas coisas, mas acho que só quem está lá entende o que representa. Mas para destacar um caso, eu me lembro de um dia em que o professor deu uma prova, e um menino esqueceu a data e foi para o bar, estava tendo evento naquele dia. Na semana seguinte, ele disse para o professor que tinha comido algo estragado e passou mal, só que não colou, porque o professor o seguia no twitter, e na hora da prova ele escreveu algo do tipo “Sujinho bombando e todo mundo perdendo!”.
TV pública: um mal desnecessário
A polêmica contribuição da TV pública
por Fernanda Monteiro
Organizado pela Empresa Brasil de Comunicação, o seminário “Em Construção - Encontro EBC: diálogos com a sociedade civil” aconteceu no dia 2 de dezembro. O objetivo era ouvir o que o público tinha a dizer sobre os dois anos de existência da Empresa Brasileira de Comunicação. Entre os convidados, estavam presentes representantes de entidades ligadas às mídias do campo público, organizações relacionadas ao tema do direito à comunicação, à comunicação comunitária e aos produtores independentes, além de pesquisadores e representantes do Conselho Curador e da Ouvidoria da EBC.
Antônio Brasil, convidado pela organização, foi um dos nomes que compareceu ao evento. Crítico conhecido da TV Brasil, durante o debate sobre programação, o jornalista e pesquisador da UERJ declarou, mais uma vez, seu posicionamento desfavorável à TV Pública. Para ele, investir na TV pública seria um grande desperdício de recursos. O pesquisador aponta ainda os baixos índices de audiência registrados pela programação da TV Brasil como uma constatação do escasso interesse da população pelo tipo de conteúdo veiculado. Assim, Brasil afirma que se “(...) faltasse a TV pública ninguém sentiria falta, mas que se uma novela saísse do ar todo mundo iria reclamar.” - como reproduzido por Mariana Martins em seu artigo Empresa Brasil de Comunicação: Diálogo aberto com a sociedade.
A provocação do pesquisador apenas expressa o contraste entre o grande interesse do público pela programação da TV aberta e o descaso em relação à TV pública. Nesse ponto, Brasil mais uma contradição. Enquanto muitos defendem a necessidade de produzir conteúdos de boa qualidade, Brasil se pergunta: quem assiste esta “excelente” programação? Muitos elogiam a TV pública, mas sequer assistem aos programas por ela transmitidos. Segundo ele, a razão é bastante simples: na maioria dos casos, a TV serve apenas como instrumento de relaxamento e diversão. Em seu escasso tempo livre, as pessoas querem mesmo é descansar e, por isso, recusam qualquer tipo de esforço, inclusive o de caráter intelectual - como aqueles propostos pela programação “cabeça” da TV pública. Se a TV comercial - mesmo tão criticada - constitui a preferência do público, então Brasil lança a pergunta: o que é qualidade na TV? A qualidade é medida pela audiência ou pelo grau de sofisticação da programação?
Nesse cenário, Brasil critica ainda a pretensão da TV pública de oferecer um conteúdo generalista, que atenda ao interesse coletivo. No entanto, segundo o pesquisador, esse tipo de concepção vai na contramão da tendência atual, que é a TV segmentada, e não mais a TV aberta generalista. Portanto, para o jornalista, o modelo de TV pública proposto seria obsoleto. E, por isso, mais uma vez, ele fala de investimento e esforço infundados.
Durante sua participação, Brasil passou de uma consideração geral a respeito da TV pública, para analisar o cenário brasileiro específico. Para ele, a história da TV no país é marcada fortemente pelo surgimento da Rede Globo que se tornou o maior conglomerado de comunicação da atualidade. Feitas as milhares de críticas possíveis à TV Globo, cabe lembrar a preferência por ela conquistada entre os telespectadores - o que, em última instância, justifica os investimentos para ela direcionados. Em contrapartida, não se pode dizer o mesmo da TV Brasil, já que o esforço de oferecer uma “boa” programação não encontra empatia no público.
Se a audiência da TV Brasil é insignificante, então esta TV é feita para quem? O público quer uma TV pública? Afinal, o que justifica a existência da TV Brasil e o investimento que a sustenta? Algum dia a TV Brasil vai conseguir competir com a TV comercial? Estas são apenas algumas das perguntas que podemos extrair da polêmica contribuição de Antônio Brasilno Encontro promovido pela Empresa Brasileira de Comunicação.
TV boa, TV má
Por Vanessa Baptista Thees Faria
Brasília foi o palco de mais um debate sobre o passado, presente e futuro da Televisão Brasileira. No início de dezembro, foi realizado o “Encontro EBC: Diálogo com a Sociedade”, com mesas de debates discutindo sobre a Comunicação no país. Entre os palestrantes, no debate sobre “Conteúdo e Programação das Mídias Públicas, estava o professor Antônio Brasil, que levou a discussão para as salas de aula da Faculdade de Comunicação Social da UERJ.
Na conversa com seus alunos, Brasil explicou os motivos por trás do fracasso da TV Brasil, e TV Pública brasileira. A TV Brasil é uma rede de televisão pertencente à EBC (Empresa Brasil de Comunicação) e acaba de completar dos anos de existência. De acordo com o professor, existem dois tipos de televisão: A TV boa, pública, que ninguém assiste e a TV má, comercial, que as pessoas reclamam, mas assistem.
Ele ainda chama atenção para um aspecto muito importante. A TV pública deve deixar de ser vista como aliada do governo, pois ela não é estatal, e deve passar a prestar serviços à sociedade, conseguindo assim ter uma identidade. A maior falha da TV Brasil, segundo o professor, é a falta de uma boa programação, baseada em pesquisas de público, experimentação e investimentos.
Até o final do ano passado, a emissora tinha uma audiência de apenas 1%. “A solução da TV Brasil é se transformar em voz do Brasil, eliminando assim, a concorrência” brinca o professor. Mas não é só a TV Pública que vem enfrentando problemas com audiência. A TV aberta também vem perdendo seu espaço, devido à tendência do desaparecimento da TV generalista e o surgimento de TVs mais segmentadas, que buscam o público de acordo com sua programação. O docente afirma que “as pessoas só assistem o que querem ver”, explicando assim o sucesso desse no tipo de TV e também, das web TVs e sites que hospedam vídeos, como o Youtube.