sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Antonio Brasil critica programação da TV pública em encontro da EBC


Para o Jornalista, a TV Brasil não tem identificação com a sociedade brasileira


Pamella M Lima


O Encontro EBC: Diálogos com a sociedade civil, realizado no dia dois de dezembro, em Brasília, reuniu diretores, participantes da TV pública, administrada pela Empresa Brasil de Comunicação (EBC) e críticos de televisão. Celebrando os dois anos da TV pública Brasileira, o encontro tinha a proposta de discutir questões técnicas, de conteúdo da programação e também os desafios para o aperfeiçoamento do sistema público de comunicação no país.


Entre os participantes, o jornalista Antonio Brasil foi coerente com sua postura crítica à emissora pública e teve na sua fala um dos momentos de maior tensão. Brasil também é professor adjunto da Faculdade de Comunicação Social da UERJ e apresentou aos alunos do curso de Técnicas de reportagem, entrevista e pesquisa, o conteúdo de sua intervenção em Brasília, iniciando pela hipótese de que “a TV como conhecemos hoje, generalista aberta, tende a desaparecer nos próximos anos”. Para ele, a TV do futuro, em competição com a era Youtube, deverá investir em “nichos”, no público segmentado, como TV de música, desenhos, notícias... A afirmativa foi feita com base nos anos de pesquisa sobre televisão. Antonio Brasil editou e escreveu livros sobre o tema, como A Revolução das Imagens - Uma nova proposta para o telejornalismo na era digital.


Nessa linha, Antonio Brasil questionou se a televisão pública não teria surgido tarde demais e foi além: “a TV Brasil fracassou na promessa de ser a BBC brasileira”. A emissora opera com um orçamento limitado e uma programação baseada quase que exclusivamente na grade da extinta TVE. Para o professor, uma das razões para o insucesso é a falta de criatividade e inovação na programação. Ele sugere mais experimentalismo, já que a TV pública, em tese, possui mais liberdade para errar, uma vez que esta não depende tanto da audiência quanto a comercial.


De acordo com ele, há um exagero no que classifica como mito da TV pública. “Existe um mito de que a TV pública é de qualidade e educativa, ao contrário da comercial que é de entretenimento e, até mesmo, de baixaria. Eu tenho algumas dúvidas sobre isso e até disse a eles no seminário. A TV pública é ruim para o público porque ela ignora todos os programas bons que existem na TV aberta. Qual é o parâmetro de avaliação da programação da TV pública? Na TV comercial é a audiência, mas quem faz isso de forma independente naquela?”


O professor não responsabiliza o público brasileiro pela baixa audiência da TV pública. Para ele “falta uma identidade com a sociedade brasileira”. Por essa razão, ele recomenda mais pesquisa e que o assunto seja tratado de forma técnica e menos ideológica. Segundo ele, parece que não há interesse na programação, mas que apenas exista uma TV pública. Nesse sentido, ele provoca: “primeiro, deveríamos nos perguntar o que seria televisão pública e num segundo momento, se o público realmente a deseja e está disposto a bancar, monitorar e participar de uma televisão pública de verdade”.

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