Por Caroline Morais
A EBC – Empresa Brasil de Comunicação - celebrou no último dia 02 de dezembro os dois anos de implantação da TV Brasil, a emissora pública brasileira. Em meio às comemorações Antonio Brasil, conhecido crítico da TV pública brasileira, realizou uma explanação do tema através de uma palestra e logo em seguida manifestou a sua opinião concedendo uma entrevista coletiva aos graduandos de jornalismo da UERJ, onde respondeu questões como: Qual é a verdadeira razão da existência da TV BRASIL? Como melhorar a programação de uma televisão pública no Brasil? Consciente do poder da internet, porque a TV Brasil não utiliza-se desse meio para promover-se de modo a alcançar maior participação do público?, dentre outras.
Iniciando a sua colocação, o jornalista assumiu ser apaixonado por televisão: “sou herdeiro de uma época em que a televisão era a nossa babá; víamos muita televisão”, mas, a televisão daquela época, hegemônica, universalista, está fadada a desaparecer, pois por causa da efemeridade das informações, o público tornou-se mais exigente, não aceitando o modo pouco criativo e/ou dinâmico como esta tem sido feita. Além disso, a concorrência -a internet- tem se mostrado mais eficiente na transmissão quase que instantânea da notícia.
Sendo assim, qual seria a lógica de investir em uma emissora de televisão com uma perspectiva arcaica e indiferente ao seu próprio publico? Antonio Brasil respondeu a essa pergunta com uma metáfora: “é tentar matar uma formiga com uma bazuca.” - Ter gastos desnecessários para pouco resultado.- Eu, particularmente, diria que é ser míope e tentar matar uma formiga com uma bazuca, ou seja, nem ao menos você enxerga a formiga, nem ao menos consegue visualizar o seu alvo.
A TV Brasil, tem mostrado ser míope, pois não consegue, ou melhor, não quer ver que a sua programação não alcança aquele que deveria ser o seu maior alvo: o público. E não o verá enquanto não utilizar-se da democracia para atuar, ou seja, é necessário que pesquisas de opinião sejam feitas e levadas em consideração, pois se a televisão é do público e este mesmo não participa em nenhum sentido de sua existência, algo de muito errado está acontecendo.
O fato é que a questão que envolve essa problemática é maior do que imaginamos. Para os geradores dessa TV, ser pública é um argumento que justifica ser de qualidade. O privado é ruim, pois afasta o homem daquilo que é seu por herança cultural, e isso está bem claro quando em uma matéria disposta no site da EBC afirma-se que “o canal da EBC tem uma TV pública com uma programação diferenciada, privilegiando conteúdos nacionais e regionais em suas diferentes possibilidades.” Basear-se nesse parâmetro para estabelecer qual será a programação não é um argumento suficientemente eficaz. Sobre isso Antonio Brasil afirma: “Não se produz programas (bons) de TV somente com discurso e ideologia”.
Então, como melhorar a programação de uma televisão pública no Brasil? Buscando exemplos, aconselha o jornalista, afirmando ainda que televisão de qualidade se faz com pesquisa, experimento, o que requer tempo, esforço, dedicação. “TV é coisa séria! E deve ser feita de programação e não de conceito. Se não existe uma razão para a sua existência, dificilmente se construirá uma programação de qualidade!”
Dessa forma, a salvação da Tv pública no Brasil talvez esteja na razão, então, torna-se fundamental descobrirmos: Qual é a verdadeira razão para a existência da TV Brasil? Antonio Brasil, até mesmo ele, afirmou não saber. “Não sei, mas talvez seja para criar empregos!”, disse rindo. Estamos perdidos!Voltamos a estaca zero!Visto que uma TV sem perspectivas, sem público, sem inovação,sem uma razão para existir, na verdade não é nada, nem mesmo televisão.
Dominique Wolton diria que a televisão só consegue exercer o seu papel comunicativo se há democracia. Talvez seja essa a razão do eminente fracasso da TV Brasil, o excesso de vangloria e a falta de participação do público, pois se nem mesmo o índice de audiência é levado em consideração, qual é afinal o critério para a seleção dos programas?O achismo?
Em uma época de tantas possibilidades comunicativas, a televisão tem que superar as expectativas do público para que ele se detenha a assistir sua programação. Assim, enquanto ele não puder se manifestar, dificilmente se identificará com a TV.
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