É o que afirma o especialista em TV, Antônio Brasil.
Por Aldevan Junior
No último dia 2 de dezembro, o Hotel Nacional, em Brasília, recebeu o “Encontro EBC: Diálogo com a sociedade”, promovido pela Empresa Brasil de Comunicação, responsável pela TV Brasil, oito emissoras rádios e pela Agência Brasil. O evento, que pretendia debater o caráter democrático da EBC e do sistema público de comunicação do país, convidou o professor Antônio Brasil, da Faculdade de Comunicação Social da Uerj, confesso crítico do maior produto da EBC: a TV Brasil.
No debate “Conteúdo e programação nas mídias públicas”, o professor, especialista em conteúdos televisivos, mostrou-se surpreso por ser convidado em vista da sua posição quanto ao canal de televisão do governo e quebrou todas as expectativas do evento. Enquanto se esperava um discurso sobre o caráter democrático da TV estatal, ele fez duras críticas sobre o modo como esta opera no país: “A TV pública no país não conseguiu se comunicar”, afirmou.
Brasil, que acompanha desde o início as transmissões da “TV Lula” e possui vários artigos críticos sobre o veículo, afirmou que é difícil que um canal tenha sucesso tendo traço de audiência. “É como matar uma formiga com uma bazuca: você consegue o objetivo, mas faz um impacto muito grande. A TV estatal é uma arma muito poderosa para pouco impacto”, disse.
Criado em frente à TV e declarado fã deste meio de comunicação, ele rejeita o “mito da tv pública” – maniqueísmo entre o “nós da tv pública e eles da baixaria, Faustão, ratinho, etc” – e reitera que o sucesso na telinha vem com a audiência: “Será que uma ópera de três horas de duração significa qualidade? Ou um ‘Bem Amado’, cuja linguagem transcendeu seu tempo, tendo grande aceitação popular?” indagou.
O acadêmico enxerga que o projeto da TV pública no Brasil possa ter chegado tarde demais. Porém, ele apontou alguns parâmetros que levaram as TVs comerciais ao sucesso e que sequer o canal do governo chega a praticar: “A TV Brasil não tem experimentação, só há coisas arcaicas. Eles erram e permanecem no erro. O sucesso na TV comercial veio através da pesquisa, criatividade, talento, treinamento, experimentação, investimento e, principalmente, tempo. Não manter programas produzidos por amigos, simpatizantes ou celebridades”.
Sobre as suas expectativas para o futuro da televisão, Brasil prevê que segmentação se torne cada vez maior: “Estamos vivendo os últimos anos da TV tradicional, que aborda tudo. A tendência é que a TV se segmente cada vez mais” disse. Ele também acredita que as mídias digitais, como Web TV e Youtube, ganharão muito espaço num futuro próximo e é bastante pessimista quanto o futuro da TV aberta: “Investir na TV aberta no século XXI é mesma coisa investir hoje em máquina de escrever”, encerrou.
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