quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Insegurança nos entornos da UERJ
Nos pontos de ônibus, na mesma calçada, também há muita reclamação de assalto. Boa parte ocorre em plena luz do dia, bem em frente à movimentada Rua São Francisco Xavier. Atrás da universidade, fica a rampa de acesso ao metrô, na realidade se tornou mais um ponto de assalto. “Principalmente nessa rampa, mas também lá do outro lado. O pessoal que sai à noite reclama muito. Não tem policiamento nenhum. Já presenciei roubo de carro, polícia perseguindo bandido, tiroteio. A situação aqui é muito complicada”, comentou o estudante de Direito Bruno Bodart.
Quem passa pela rampa tenta se sentir seguro com a presença de uma cabine da polícia Militar. Ela foi instalada em outubro do ano passado. Mas, segundo os estudantes e pedestres, os assaltantes não se intimidam com o policiamento. Segundo a Polícia Militar o policiamento na área foi reforçado desde o último fim de semana e atualmente, além da cabine, uma dupla de policiais circula a pé pela região e também equipes de carro. A cabine da polícia naquele local foi inaugurada, refletindo a necessidade de policiamento da região. Infelizmente o policiamento tem se mostrado ineficaz no combate a criminalidade.
Lei Seca
O rigor da Lei Seca provocou a mudança do comportamento de muita gente que dirige. No entanto, de acordo com os responsáveis pela fiscalização, com o passar dos meses, outra grande parcela de motoristas deixou de ter cautela na hora de pegar o carro. Desta vez o trabalho de conscientização tem a participação de voluntários, pessoas que já sofreram as consequências da violência no trânsito. Como Eduardo, estudante de Informática, de 30 anos.
“Eu conheci muitos acidentados e há muita gente que se acidentou, porque tinha bebido e estava de moto, de carro. Nada melhor do que eu mostrar para a pessoa o que aconteceu e poder falar do que eu sei para ela”, explica.
Além dos pontos de bloqueio, os voluntários também tentam chamar a atenção de motoristas e caroneiros em bares e restaurantes. A idéia é que a campanha seja permanente e percorra outros municípios do Grande Rio. Quem recebe a orientação concorda que é preciso redobrar os cuidados.
“Eu acho uma coisa muito positiva, porque eu fui uma das pessoas que quase virei cadeirante em função de um acidente de carro. Eu estava alcoolizado. E eu acho que a gente tem que começar pela base, pela educação, não é repressão”, acredita o empresário Pedro Oliveira. A ideia da Operação Lei Seca é que ela aconteça entre todas as quintas e domingos, à noite.
Rio de Janeiro é eleito o melhor destino gay do mundo
Por Juliana Gonçalves e Pamella Lima
O Rio de Janeiro está na moda, a “cidade maravilhosa” se tornou a sede dos Jogos militares de 2011, será palco de Copa do Mundo em 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016. Otimismo exuberante é pouco. Em setembro, através de pesquisa na Internet feita pela revista Forbes, a capital fluminense foi eleita a cidade mais feliz do mundo e na World Travel Market (feira que organiza premiação na indústria do turismo) o melhor destino da América do Sul. Completando a lista, a cidade também recebeu o status de ‘melhor destino gay do mundo’, apurado pelo site TripOutTravel e o canal americano Logo, da MTV, veículos destinados ao segmento LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros .
O jornalista Eduardo Peret, representante da Associação Brasileira de Gays, esclarece que a votação que tornou o rio conhecido mundialmente como capital gay foi feita por turistas estrangeiros e acredita que a fama do brasileiro “bom de cama” tenha influenciado nesta enquête. “Eu, pessoalmente, não acredito que aqui seja o melhor destino gay do mundo. Mas, essa eleição pode ser usada de uma maneira positiva. Podemos levar essa informação à Secretaria Estadual de Turismo e dizer: - os gays do mundo todo votaram no Rio de janeiro, então vamos melhorar a segurança, vamos capacitar a polícia, o serviço de saúde e quem atende o turista para que todos atuem sem preconceito. Moro no Rio de Janeiro e vejo os nossos problemas. Já visitei outros lugares no Brasil e no exterior, onde prestam serviços para a população LGBT sem discriminação”, afirmou.
Eduardo explica que o perfil do turista gay é diferenciado: “a maioria dos turistas gays não tem filhos e não vive em casal, o que os leva a gastar de maneira diferente de uma família heterossexual. Agora temos alguns gay-friendly (hotéis voltados para o público LGBT), pois agora está existindo a preocupação com esse público”. Para ele, um bom fator é a existência de grandes pontos de sociabilidade, principalmente homossexual masculina: “A gente pode destacar, por exemplo, a rua Farme de Amoedo, em Ipanema que tradicionalmente é um point gay e lá mesmo você tem problemas. Existem alguns moradores que são homofóbicos e que fazem campanhas contra os frequentadores”. Eduardo diz ainda que o Brasil não tem uma estrutura de serviços fundamentada e focada na questão da diversidade.
Opinião partilhada com o aluno de artes da Uerj, Aílton Berberick, membro do Coletivo Ciranda, um grupo LGBT que funciona dentro da Universidade. “Acho difícil a cidade ostentar esse titulo por muito tempo. A menos que sejam traçadas políticas públicas para assegurar a livre manifestação do afeto e garantia da integridade dos turistas”, afirmou o estudante. Para ele existe uma carga de preconceito muito grande e velada na sociedade carioca.
Aílton diz que dentro da Universidade as coisas são mais difíceis, pois, segundo ele, “no campo educacional as relações de poder e masculinidades ditam as cartas do jogo então é preciso saber administrar essas tensões”. Explicou que um coletivo gay dentro da Uerj, funciona para ampliar os debates sobre a sexualidade em geral e contou um pouco do histórico do grupo: “O coletivo Ciranda nasceu em 2008. A maioria dos alunos faz ciências sociais, mas eu, por exemplo sou do curso de artes. Durante esse tempo de existência houve algumas mudanças junto a reitoria”.
Eduardo Peret (que também é funcionário da Faculdade de Comunicação Social da Uerj) comentou sobre as mudanças ocorridas na universidade em relação aos alunos homossexuais: “Em 2008, o Reitor Ricardo Vieiralves durante a Conferencia Estadual de Políticas Públicas para LGBT, que aconteceu na Uerj, assinou uma carta de intenções, mas algumas precisaram passar pelo conselho universitário. Entre as medidas temos a permissão que cônjuges tenham acesso a quarto particular nas internações do Hospital Universitário Pedro Ernesto, que as travestis estudantes da universidade possam utilizar nomes femininos na lista de chamada e também possam utilizar o banheiro feminino”. Mas lamentou que muitas dessas pessoas não consigam chegar ao nível superior por falta de oportunidade e disse ter conhecido apenas duas na Uerj.
Trote: bullying ou integração?
Trote, a grande polêmica da vida universitária
Por Caroline Morais, Fernanda Monteiro e Thalita Hora
Enquanto americanos e europeus problematizavam a prática do bullying, no Brasil o que sempre era conhecido como zombaria no ambiente escolar – conhecida já nos tempos de nossos tataravós – não preocupava ninguém. Nos últimos anos, no entanto, tudo mudou. Psicólogos brasileiros importaram o conceito europeu e, então a brincadeira contra o gordinho deixou de ter graça e tornou-se um problema.
(Trote da Faculdade de Comunicação Social da UERJ – 1º semestre de 2009)
Milhares na festa, poucos na militância!
Apesar de reunir milhares de pessoas na orla de Copacabana, o movimento LGBT ainda encontra dificuldades para estabelecer sua representatividade.
Por Aisy Thuswohl, Rachel Taranto, Rafael Nascimento
(foto: rafael Nascimento)
(foto: Rachel Taranto)
O aparente ambien
Discussões de origem ecumênica não eram as únicas em foco no evento. Movimentos de representatividade política se mostraram presentes, inclusive o Movimento Estudantil. Alunos distribuíam e divulgavam a posição de apoio da ANEL (Assembléia Nacional de Estudantes Livres), que visa abraçar, entre outras causas, a discussão da temática homossexual dentro das universidades. Uma das estudantes militantes, Larissa S., estudante de Ciências Sociais da UERJ, falou da sua participação na ANEL: “ A anel é uma coordenação de várias entidades, nacionais e estaduais. As reuniões são abertas eu participo”. Falou também da importância de se pautar o movimento homossexual e de outras minorias sob uma ótica do movimento estudantil. “A ANEL é muito nova, tem menos de um ano. Em plenários decidiram ir às paradas (gays), fizemos um ato de repúdio à tentativa da prefeitura de Caxias de proibir a parada. Em todos os encontros teve pelo menos uma plenária de opressões e é a mais procurada”.
ersidade “é uma das principais causas na UERJ (homossexualismo), também pela existência de cotas, é o tema das opressões, e a oposição quer justamente levantar a discussão”. Disse Larissa, pertencente a chapa que não foi vitoriosa. Como exemplo, ele ressalta a falta de repercussão entre os alunos da medida de 2008 que permitiria que travestis e transexuais utilizassem os banheiros femininos. Grande parte dos alunos não tomou conhecimento do fato. E acrescenta, “não temos, praticamente, alunos travestis; (...) tem uma categoria de homossexual que não chega aqui [na universidade]”. Outra medida que facilita a adaptação desses alunos e que é aplicada na UERJ é a que exige que estes sejam incluídos nas listas de chamada por seus nomes “sociais”, correspondentes ao sexo com o qual eles se identificam. Não foram encontradas estatísticas quanto a presença desse grupo em universidades brasileiras.
Apesar de mobilizar milhares de pessoas em eventos como a Parada do Orgulho LGBT, a causa homossexual ainda encontra barreiras e preconceitos em instituições como as Universidades. O cada vez maior trabalho de conscientização das organizações em prol do movimento LGBT, como o Grupo Arco Íris, parece não encontrar meios eficazes de inserção nestes ambientes. A mobilização estudantil, em geral, também não tem grande expressão dentro do meio acadêmico, o que caracteriza um certo paradoxo, visto que este é o ambiente mais propício para discussões deste gênero, como observou o vice-diretor da Faculdade de Comunicação da UERJ, Ricardo Freitas.
Sanduíche brasileiro
Por Linda Rose de Araújo ,Tayná Tavares Conrado, Bruna Vaz
Uma opção para fazer doutorado fora do país
Fazer intercâmbio não precisa ficar restrito aos adolescentes ou alunos da graduação. O doutorado sanduíche é uma forma de intercâmbio mais direcionada para um publico mais preparado. Trata-se de um doutorado em colaboração com alguma instituição de pesquisa do exterior. Normalmente, o doutorando passa uma fase inicial de seu doutorado no Brasil, uma segunda fase no exterior (1 ano), e retorna ao Brasil para a última fase, quando ao final ocorre a defesa.
Agências como CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnológico) e CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) têm modalidade prevista de doutorado sanduíche. Essas instituições oferecem bolsas que dependendo do tipo de pesquisa desenvolvida pode chegar à integralidade.
Marcio Gonçalves professor da Faculdade de Comunicação Social passou um ano em Paris através desse programa. Ele defende esse tipo de estudo principalmente pelo aperfeiçoamento do trabalho e pela possibilidade do contato com outros grupos de pesquisa no mundo. “Estudei na Universidade Paris 5, uma das quais a UERJ possui convênio, e tive a oportunidade de desenvolver melhor minha tese”, afirma Marci o.
Sanduíche brasileiro
O doutorado sanduíche não é apenas para o intercâmbio no exterior, pelo menos não para o CNPq. Doutorandos que pretendem desenvolver sua tese com outros grupos de pesquisa nacionais podem recorrer ao CNPq que oferece dois tipos de bolsas sanduíche, o Doutorado-Sanduiche no País (SWP) e o Doutorado-Sanduiche Empresarial (SWI). O SWP tem a finalidade de ajudar o aluno de doutorado no desenvolvimento de seu trabalho desde que tenha ligação com outro grupo ou instituição de pesquisa no país. A ajuda pode ir de seis meses a dois anos e o estudante também pode receber ajuda no deslocamento quando a distancio for superior a
Luciana Araujo, mestranda de Geografia, pretende usar esse programa para seguir com seu programa de pesquisa quando chegar ao doutorado. “Minha pesquisa esta relacionada com o trabalho do brasileiro e pretendo me aprimorar meus estudos no Nordeste”, explica. Já o SWI tem o objetivo de apoiar o doutorando brasileiro que pretende complementar a sua formação com de ações de pesquisa, desenvolvimento e inovação em alguma empresa do País. Essa modalidade de ajuda pode durar mais tempo, até três anos, no mais, apresenta as mesmas características que o SWP.
Favela do Esqueleto e política de cotas na Uerj: alguma coisa em comum?
Por Aldevan Junior, Bárbara Perrout e Raphael Giammattey
A favela se estabeleceu em torno do “esqueleto” de um prédio onde seria construído o Hospital das Clínicas da Universidade do Brasil, hoje mais conhecida como UFRJ. O hospital nunca saiu dos alicerces e os primeiros moradores chegaram entre a década de 30 e 50, formando uma das maiores favelas planas - bastante habituais na cidade até a década de 60 - da época.
Os anos se passaram e 52 anos depois do fim da Favela do Esqueleto, Anthony Garotinho, então Governador do Estado, fez da Uerj a primeira instituição de ensino superior brasileira a adotar o sistema de cotas. Com a medida, a Uerj passou a reservar 50% das vagas do seu vestibular para alunos egressos de escolas públicas do estado. Era o ápice da democratização do ensino no país.
Já em 2004, depois de muita discussão, a Uerj pôs as vagas de seu vestibular distribuídas da seguinte forma: 20% para alunos de escolas públicas, 20% para negros, 5% para deficiente físicos e minorias étnicas (em 2007, o Governador Sergio Cabral resolveu incluir neste percentual os filhos de bombeiros, policiais e agentes penitenciários mortos em serviço).
Com isso, o público da universidade gratuita mudou de figura. Se o padrão das instituições públicas sempre foi de pessoas oriundas das elites sociais, agora outros setores que não tinham acesso ao ensino superior já participam da vida acadêmica. Na faculdade que se estabeleceu no terreno de uma grande favela que o poder público extinguiu.